segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Sentir a dois tempos

Enquanto escrevo não estou cá. Os meus dedos frios rodam o volume da aparelhagem e deixo o meu peso arrastar-me para as profundidades de uma núvem imaginária. O ternurento toque do piano dedilha as minhas memórias e sugere-me amalgamas de recordações, de lugares e pessoas, de cheiros e brisas. Dos sítios que não conheço e que não sei se existem. Das pessoas que me dirão coisas que não quero saber. De praias chuvosas onde crustáceos acasalam.

Tudo o que escrevi acima já não sinto. Pequenas pedras podem bloquear a mais majestosa roda dentada provocando radicais mudanças de humor. Se pensar bem é só uma pedra. São muitos pensamentos simultâneos para escolher aleatoriamente um que os represente em toda a sua polivalência...
Penso logo desisto.